Umuarama – Pelo menos 15% dos pequenos municípios do Paraná estão de alguma forma envolvidos pela corrupção. E o mais grave, para cada caso identificado, pelo menos três ou quatro não são detectados pela Justiça.
A estimativa foi apresentada pelo Procurador de Justiça e Coordenador do Grupo de Atuação Especial ao Combate ao Crime Organizado (Gaeco), Leonir Batisti, durante palestra realizada no encontro sobre Administração Pública, Corrupção e Formas de Controle, que ocorreu na noite de sexta-feira (26), no anfiteatro da Universidade Paranaense (Unipar) aberta ao público.
Segundo Batisti, essa corrupção rasteira é uma verdadeira traição à população, pois em pequenas comunidades os gestores são conhecidos de todos e normalmente há uma relação de pessoalidade envolvida.
“São casos de prefeitos e gestores que ‘mordem’ contratos licitatórios em R$ 5 a R$ 10 mil em municípios em que a receita é de R$ 400 mil. É 2% do que se arrecada, que não vai para a saúde, para a escola ou creche que a população precisa. Ele trai o vizinho, a família dele, pois os moradores são pessoas que ele conhece, que confiaram neste gestor que os traiu, mesmo tendo um salário dos seus R$ 12 a R$ 13 mil”, explicou o procurador.
Para combater a prática, o procurador defende controles mais rígidos e também mais ágeis, para tornar o braço da Justiça mais eficaz. “Recebemos muitas denúncias, mas não podemos embasar um pedido de busca e apreensão, por exemplo, em um e-mail. Precisamos materializar as provas, mas isso leva tempo e muitas vezes a morosidade do sistema prejudica”, afirmou Batisti.
Na mesma linha o outro palestrante do evento, o Procurador-Geral do Ministério Público junto ao Tribunal de Contas do Paraná, Flávio Azambuja Berti, também defende formas mais rígidas e rigorosas do uso do dinheiro público.
Ele defende que a responsabilidade é de todos e que desde a promulgação da Constituição Federal houve o fortalecimento de muitos órgãos de controle do erário e a criação de leis que instrumentalizam o controle, mas enfatizou que as formas de corrupção também se sofisticaram e muitas vezes passam desapercebidas. “A lei permite uma discricionariedade do administrador no uso de recursos e é ai que surgem as primeiras corrupções”, afirmou Berti.
Fonte: Umuarama Ilustrado